O Maranhão apresenta a menor expectativa de vida na média de homens e
mulheres– 68,6 anos – de acordo com dados divulgados, nesta sexta
(02), pelo IBGE. São oito anos a menos que Santa Catarina (76,8), que ocupa o
primeiro lugar, e cinco abaixo da média nacional (73,76).
Possui a segunda pior taxa de mortalidade infantil do país,
apenas atrás de Alagoas, com 29 crianças com menos de um ano mortas para cada
mil nascidas vivas. A média nacional é de 16,7 para 1000. A menor taxa está,
novamente, em Santa Catarina (9,2/1000).
As três piores cidades em renda per capita pertencem ao
Maranhão, de acordo com o recentemente divulgado Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal (IDHM) – Marajá do Sena (R$ 96,25), Fernando Falcão (R$
106,99) e Belágua (R$ 107,14). Na média dos municípios, o Estado possui o
segundo pior IDHM do país, perdendo apenas para Alagoas – outra terra devastada
pelo coronelismo.
Dizem que não é educado falar de quem está doente. Mas a
influência dos atos de uma figura pública não deixa de existir quando ela está
afastada de suas funções, aposentada ou foi desta para a melhor.
Sem desmerecer todas as denúncias de corrupção, nepotismo,
desvio de verbas públicas, entre outras, que recaem contra o ex-presidente da
República e do Senado, a miséria em que se encontra boa parte do povo
maranhense já era motivo suficiente para qualquer brasileiro bradar “Fora
Sarney!”
Corrupção na máquina pública e exploração da pobreza, por ação
direta e indireta ou inação, estão intimamente relacionados, mas infelizmente é
mais fácil cassar alguém pelo primeiro delito do que pelo segundo. O Maranhão,
sob o domínio dos Sarney por décadas, não só permaneceu nas piores posições nos
indicadores sociais, mas também viu suas terras serem desmatadas e poluídas,
latifúndios crescerem, trabalhadores serem escravizados e assassinados,
comunidades tradicionais serem ameaçadas e expulsas, a educação ser sucateada,
os meios de comunicação ficarem concentrados nas mãos de poucos políticos.
Isso é assustador, considerando que o Maranhão é um Estado rico.
Possui jazidas minerais e gás natural. Água doce em abundância. Partes de seu
território estão na Amazônia e no Cerrado. Tem localização privilegiada, com um
porto mais próximo dos Estados Unidos e da União Europeia do que os do Sul e
Sudeste.
Alguns vão colocar a culpa na própria população que os elege.
Não é tão simples – Sarney teve que fugir e virar senador pelo Amapá para não
ficar fora do jogo político em um determinado momento. E sua filha, Roseana, já
perdeu uma eleição para o governo. O Maranhão possui importantes movimentos
sociais e uma sociedade civil cada atuante, como tenho acompanhado em
constantes visitas ao Estado nos últimos dez anos. O problema é o desalento de
boa parte da população mais pobre, que – infelizmente – já não acredita que a
política possa fazer diferença em sua vida. Independentemente de quem lá
estiver.
Dilapidação da esperança. Talvez, seja a pior herança deixada
pelo clã.
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