O deputado Simplício Araújo (SDD/MA) rebateu o discurso do deputado Sarney Filho (PV/MA), que, durante pronunciamento na última quinta-feira (31), na Câmara dos Deputados, tentou mostrar uma realidade do Maranhão que, segundo Araújo, só existe no discurso da família Sarney. Da tribuna, Sarney Filho disse que o estado avançou na saúde, na educação, na infraestrutura, entre outras áreas.
Simplício se sentiu surpreso e revoltado com o pronunciamento, já que o deputado do PV contestou números que são reais. “Sarney Filho desrespeitou seu próprio eleitor. Apesar dele apresentar um bom trabalho como deputado, ele não pode esquecer que só foi eleito porque usa a força da máquina administrativa para cooptar eleitores que estão entre os mais carentes e que tem mais problemas”, apontou. “Além de não ter feito nada para mudar a realidade, ainda vem tentar mudar números que tem credibilidade no mundo inteiro. Só a família Sarney mesmo para tentar culpar indicadores pela falta de política em áreas essenciais.”
Para o parlamentar, o discurso não passou de uma ilusão aos maranhenses. ”Sarney Filho disse que a oposição em sete anos de governo não conseguiu fazer nada pelo estado; porém, esquece que sua família em 40 anos ainda não conseguiu melhorar os indicadores sociais do estado. A população maranhense já sofreu demais e não acredita nesse discurso fantasioso”, completou.
Incrédulo com o que ouviu Sarney Filho falar na tribuna, o parlamentar do Solidariedade ressaltou que, “não bastasse o atraso em que vive o Maranhão”, o deputado do PV “tentou, em sua fala, enganar a população maranhense com números que só existem no papel.” Em seu pronunciamento, Sarney Filho afirmou que o Maranhão está distribuindo renda, diminuindo a pobreza e avançando na infraestrutura para criar condições reais para que o estado possa continuar se desenvolvendo. Disse ainda que houve melhoria na qualidade de vida da população a partir de ações desenvolvidas pelo governo do estado.
Na visão de Simplício, chega a ser patético e inacreditável Sarney Filho usar a tribuna para tentar mascarar números. “É chocante que um deputado suba à tribuna para mostrar uma realidade que não existe, na tentativa de mostrar que o governo do Maranhão investe em setores essenciais – como saúde, educação, segurança – quando, na verdade, no orçamento de 2014, houve corte na educação, na segurança, entre outros”, rebateu Araújo. “Quer enganar quem com tanta mentira?”, questionou.
O parlamentar apontou dados do IBGE que mostram uma realidade diferente do discurso de Sarney Filho. Segundo levantamento do instituto, o Maranhão disputa com Alagoas a última colocação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Duas cidades do Maranhão – Fernando Falcão e Marajá do Sena – têm um dos piores IDHs do Brasil. Os três municípios com a pior renda per capita média do país estão no Maranhão – Marajá do Sena (R$ 96,25), Fernando Falcão (R$ 106,99) e Belágua (R$ 107,14). Das 100 cidades com pior IDH, 20 são do Maranhão. Das 100 cidades com melhor IDH, nenhuma é do Maranhão. Em renda, o Maranhão fica em ultimo lugar, com índice de 0,612.
Da população de 6,5 milhões de habitantes, 1,7 milhão de maranhenses está abaixo da linha de miséria (ganham até R$ 70 por mês). Um estudo feito pelo Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e Justiça Penal aponta São Luís como uma das 50 cidades mais violentas do mundo. A capital maranhense está entre as 15 cidades brasileiras que aparecem no ranking.
O Maranhão tem ainda o menor efetivo de policiais do país. Em 2012, o estado apresentou o menor índice de criação de empregos. Nos quatro primeiros meses de 2013, registrou um saldo negativo de 3.648 empregos. Apresenta também o menor índice de desenvolvimento social, de acordo com o Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM), da FGV-SP.
Das 10 escolas com piores índices no Enem, cinco são instituições públicas do Maranhão. Em último lugar de todo o Brasil, aparece o Centro de Ensino Aquiles Lisboa, no município de São Domingos do Azeitão, que fica na região sul. Para completar o cenário dramático, o estado tem, ao lado de Alagoas, os maiores índices de analfabetismo do país: de 17,3% a 21,8%.
É ainda o último colocado na distribuição de médicos, com 0,68 médicos para cada mil habitantes, ficando abaixo da média nacional que é de 1,95 médicos para cada mil habitantes. Na área de saneamento básico, um dos estados com pior rede de tratamento de esgoto do Brasil, ainda segundo o IBGE.
Apresenta também a menor expectativa de vida na média de homens e mulheres – 68,6 anos. Possui a segunda pior taxa de mortalidade infantil do país, apenas atrás de Alagoas, com 29 crianças com menos de um ano mortas para cada mil nascidas vivas. A média nacional é de 16,7 para 1000. A menor taxa está, novamente, em Santa Catarina (9,2/1000).
“Não consigo entender, diante de tantos indicadores negativos, como é que um deputado federal, que tem todo um compromisso com o seu eleitor, com seus correligionários, com o povo, tenha coragem de subir a uma tribuna para falar tanta inverdade”, concluiu Simplício.
Reportagem: Letícia Bogéa
Foto: Danielle Calvet
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