POR OSWALDO VIVIANI
Blogs de jornalistas maranhenses divulgaram, na noite de ontem (18), o depoimento à polícia de Jhonatan de Sousa Silva, 24 anos, acusado de assassinar a tiros o jornalista Décio Sá em abril, num bar da Avenida Litorânea. Esta é a quarta oitiva relacionada à investigação do homicídio que vaza na internet. Em 1º de maio, foram divulgados, também em blogs, depoimentos de três testemunhas do crime.
O depoimento de Jhonatan está numa representação por prisão temporária e busca e apreensão domiciliar, encaminhada, no dia 11 passado, pela comissão de seis delegados que atua no “caso Décio” à juíza da 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de São Luís, Alice de Sousa Rocha.
No depoimento, Jhonatan confessa que também matou o empresário Fábio dos Santos Brasil Filho, o “Fábio Brasil”, de 33 anos, em Teresina (PI), no fim de março, e cita nome ‘Cutrim’ quando menciona os mandantes do assassinato de Décio.
É relatado na representação: “Ao ser questionado acerca de quem seriam os mandantes [do assassinato de Décio Sá], o interrogado cita os nomes de Júnior Bolinha, Capitão, Gláucio, Buchecha e o Cutrim”.
Mais adiante, são qualificados “Júnior Bolinha” (José Raimundo Sales Chaves Júnior), “Capitão” (Fábio Aurélio Saraiva Silva, capitão da PM, subcomandante (afastado) do Batalhão de Choque, amigo de infância de “Júnior Bolinha”); Gláucio (Gláucio Alencar Pontes Carvalho, preso com o pai, José de Alencar Miranda de Carvalho) e “Buchecha” (Fábio Aurélio do Lago e Silva, “cobrador” de “Júnior Bolinha”). Nada é comentado sobre “Cutrim”. Apenas é relatado: “No que tange às outras pessoas citadas pelo interrogado, temos a esclarecer que não possuímos, ainda, elementos que corroborem a efetiva participação no crime”.
No documento, é dito que “o crime [assassinato de Décio] teve como motivação a postagem feita em seu blog dando conta de que o assassinato [de Fábio Brasil] ocorrido em Teresina teria sido agenciado por agiotas maranhenses”.
Também é informado que a viúva de Fábio Brasil, Patrícia Gracieli Aranha Martins, foi ouvida pela polícia, em Teresina, e “foi incisiva em dizer que a agiotagem tinha íntima relação com fraudes em licitações em prefeituras do Maranhão”.
Jhonatan de Sousa Silva afirmou no depoimento à polícia que foi apresentado a “Júnior Bolinha” por um homem conhecido por “Neguinho” (cujo primeiro nome seria Aldir) e foi contratado por Júnior Bolinha e Gláucio Carvalho para matar Fábio Brasil por R$ 100 mil, mas que só recebeu R$ 10 mil. Júnior Bolinha teria dito ao matador que Fábio Brasil causou “muito prejuízo financeiro” a ele e a Gláucio. “Neguinho” é procurado pela polícia.
O acusado de matar Décio Sá também diz no depoimento à polícia que, tal como no caso de Fábio Brasil, não recebeu integralmente os R$ 100 mil contratados para assassinar o jornalista – só teria recebido R$ 20 mil de “Júnior Bolinha” – e afirmou que os mandantes do crime teriam outras seis pessoas marcadas para morrer, entre elas um ambientalista.
Em relação à dinâmica do crime, Jhonathan declarou que esteve, “dois ou três dias antes do assassinato”, na casa da mãe de Décio, no João Paulo, indicada por “Junior Bolinha”, e quase executou o irmão do jornalista, Alcenísio Técio Leite de Sá, que possui semelhança física com Décio.
A seguir, “Júnior Bolinha” teria sugerido que ele fosse para a porta do Sistema Mirante, no São Francisco. Lá, um flanelinha, conhecido como “Coalhada”, forneceu informações sobre a rotina do jornalista – horário de entrada e saída do trabalho.
Esse flanelinha, segundo a polícia relata no pedido de prisões e busca e apreensão, colaborou para a elaboração de um retrato falado que combinou perfeitamente com a fisionomia de Jhonatan Silva. O retrato falado divulgado à imprensa não foi o mesmo confeccionado com as informações de “Coalhada”, e sim o que resultou das testemunhas que presenciaram o crime, informou a polícia no documento dirigido à juíza Alice Rocha.
Com a informação do horário da saída de Décio Sá da Mirante, Jhonatan o esperou, desde as 22h, na segunda, 23 de abril, na garupa da moto conduzida por um homem identificado como Elker Farias Veloso, o “Diego”, também procurado pela polícia. Elker é natural de Itabira (MG) e tem 26 anos.
Décio saiu num Fox prata e foi perseguido pela dupla. Ao chegar à rotatória do São Francisco, Décio só não foi executado porque havia uma viatura da Polícia Militar no local. Os criminosos deixaram o carro se distanciar e quase o perderam de vista, mas na Avenida Litorânea viram o carro parado no bar Estrela do Mar, onde o crime foi perpetrado.
Além de “Neguinho” (Aldir) e “Diego” (Elker Farias Veloso), o terceiro homem procurado pela polícia é identificado na representação à juíza Alice Rocha como Shirliano Graciano de Oliveira, o “Balão”, 26 anos, natural de Parauapebas (PA) – que, assim como “Neguinho” e “Buchecha”, era “cobrador” do grupo de agiotas acusado de mandar eliminar Décio Sá.
No documento da polícia, que vazou na internet, também são informados os nomes das empresas que davam uma aparência de legalidade aos negócios de “Junior Bolinha” e Gláucio Alencar.
“Júnior Bolinha” consta como dono da empresa Novamérica Comércio e Representações, instalada em Santa Inês (Rua da Raposa, 736) e Zé Doca (Rua Coronel Stanley Fortes Batista, 685).
Gláucio tem em seu nome as seguintes empresas: G.A. Pontes Carvalho (Rua dos Abacateiros, 1, S/101, Edifício Rio Anil, São Francisco, São Luís); GAP Factoring (Av. Daniel de La Touche, 5, Qd. Q, Ipase, São Luís); GAP Med Distribuidora (Av. dos Holandeses, 1, Qd 11, Ponta d’Areia, São Luís) e Luzzo Produtos de Limpeza (Av. 5, nº 12, Galpão A, Distrito Industrial, Maracanã, São Luís).
Veja a seguir a íntegra da representação da polícia à Justiça que vazou na internet:
Nenhum comentário:
Postar um comentário