Nasci aqui. Gosto de São Luís. Aprecio alguns lugares. Admiro outros. Porém, nesses anos São Luís foi um espetáculo ímpar na capacidade de trafegar entre tragédia e comédia. Drama e farsa.
Não pretendendo desmerecê-la. Mas, boa parte da gente que habita aqui, fez da quatrocentona São Luís uma província de pequenez, mesquinhez e estupidez.
A sociedade ludovicense não prima pelo caráter e não cultiva a memória. Neste torrão há uma inesgotável mazela, a hipocrisia inata dos senhores, o patrimonialismo do sistema. Um conjunto excepcional de prepotência e parvoíce veste a dita sociedade.
Parte considerável dessa gente é insensível diante da desgraça, da miséria, do atraso desta província de 400 anos.
Mesmo o remediado não se incomoda se um ‘miserável’ se estabelece em cada esquina. Basta erguer os vidros do carro e travar as portas.
Intrépidos, levantam seus prédios como torres de castelos medievais e das alturas contemplam impassíveis as choupanas dos servos do torrão espalhados abaixo.
A dita classe média ludovicense acostumou-se com os panoramas da miséria, com a inestimável contribuição midiática e das suas invenções, omissões, mentiras. E silêncios.
Ao caminhar pela cidade. Ao frequentar alguns dos salões do poder – como jornalistas muitas vezes têm que ir lá – sempre me ocorre a possibilidade, condescendente, de que a insensibilidade seja o fruto carnudo da burrice.
Fonte: Blog do Itevaldo
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