Pedro Fernandes e a situação caótica da educação estadual: "Para ficar ruim tem que melhorar muito" |
Pedro Fernandes é de longe o secretário mais sincero do governo Roseana. Em entrevista concedida à rádio Mirante AM na manhã desta segunda-feira (11) , o secretário estadual de educação fez um amplo e estarrecedor raio-x da pasta.
Apesar do tom otimista e da defesa incondicional ao governo do estado, as declarações sobre o momento difícil pelo qual passa a educação do Maranhão, acabam por demonstrar que os seguidos mandatos de Roseana foram muito ruins para a Seduc.
O caos na educação do estado atinge de prestadores de serviços, passando por estrutura física precária e enorme contingente de servidores fantasmas.
Corte no orçamento:
Sobre o corte de 23 milhões de reais no orçamento da educação para o ano de 2014, que ocasionou reação do Sindicato dos Professores, Pedro Fernandes alegou que “ao longo do tempo, tradicionalmente, o estado do Maranhão só planeja nos orçamentos o valor mínimo legal”, já que segundo a lei, o estado é obrigado a gastar 25% do orçamento com a educação.
Assim, com a maior das naturalidades.
Fernandes reconhece ainda a dependência do Maranhão na transferência de recursos do governo federal. O secretário declarou que o Maranhão é o estado que mais recebe complementação de recursos do Fundeb, justamente porque o orçamento estadual não consegue atingir a cota per capta necessária para investir na área: ”A Europa gasta 13 mil dólares por aluno; o IFMA gasta 13 mil reais. Nós gastamos 2.281, 50 (ano). Temos dificuldades”
Atraso de salários dos vigilantes:
Funcionários das prestadoras de serviço de vigilância, “Potencial” e “Cefor”, informaram que participarão de ato de protesto em frente à sede da Secretaria Estadual de Educação para denunciar salários atrasados em até três meses.
As prestadoras de serviço garantem que o governo do estado não tem repassado os valores para que estas possam depositar os salários dos funcionários. Pedro Fernandes se defende jogando a responsabilidade de resolução do problema para os próprios funcionários:
“Na realidade, eu não fiz o contrato com o trabalhador, eu fiz o contrato com a empresa. É a empresa que paga os trabalhadores (…) Se os funcionários forem ao ministério público do trabalho e aí se a gente firmar um TAC , um termo de ajustamento de conduta e a justiça me autorizar a fazer o pagamento para a folha, eu farei. (…) Não adianta os funcionários colocarem o secretário e o governo contra a parede” .
Quase 8 mil funcionários fantasmas:
Sobre os funcionários efetivos do quadro da secretaria, Fernandes revelou que havia cerca de 7900 deles afastados do trabalho, sem que a Seduc soubesse de seus paradeiros. O secretário informou que teve que lidar com servidores que alegaram ter padrinhos fortes no próprio governo do estado para não retornarem ao trabalho: “Uma coisa muito provinciana nossa. Cada funcionário nosso tem dois, três padrinhos”, disse Fernandes
Secretaria com orçamento bilionário depende da caridade de ONGs
Pedro Fernandes explicou que a Educação estadual recebe auxílio gratuito de uma ONG chamada “GesPública” que está treinando o setor de recursos humanos da secretaria. O Secretário informou também que graças a uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, a secretaria está “reaprendendo o caminho de volta para a escola”.
“Nós precisamos melhorar muito ainda pra ficar dentro do razoável”
Pedro Fernandes é o terceiro secretário estadual de educação nomeado, em menos de 4 anos da atual gestão. Sua avaliação sobre a situação do setor no estado não poderia ter uma declaração mais apropriada do que o resumo que o próprio secretário fez: ”Nós precisamos melhorar muito ainda pra ficar dentro do razoável” .
Fonte: Blog da Lígia Fernandes (JP).
Um comentário:
Parabéns, secretario Pedro Fernandes, pelo seu posicionamento de ter a dignidade de reconhecer e dizer em alto e bom tom, para todos, inclusive para a gov. q não tema dignidade de fazer alguma coisa pela nossa educação. É cidadão como vc. q este estado está precisando, porque a maioria dos secretário só sabem é bajular sua chefa.
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