Judiciário com as vísceras expostas I

A seguir, entrevista de Eliana Calmon, ministra do Superior Tribunal de Justiça e Corregedora do Conselho Nacional de Justiça, órgão fiscalizados do Judiciário.

Revela, com franqueza e coragem, as mazelas e problemas do Judiciário brasileiro.

Algumas mazelas surpreendem outras nem tanto.

Coisa que todos já sabem: A corregedora do Conselho Nacional de Justiça diz que é comum a troca de favores entre magistrados e políticos.

O que interessa, no final das contas, é o fato de alguém de dentro da estrutura falar essas verdades, elencando fatos, expondo as vísceras desse carcomido poder e suas relações prá lá de promíscuas com o meio político.

Nada escapa à sua crítica: como se dão as nomeações para os tribunais superiores, a pouca averiguação do “notório saber jurídico” para o exercício do cargo, as interferências na expedição de sentenças, a contraditória relação a independência do magistrado/hierarquia, como se dão as promoções na carreira e os lobbys internos, são algumas das chagas a infectar o corpo.

Cada vez mais existe a percepção, antes somente na sociedade, agora também internamente, de que esse sistema não funciona, privilegia os ricos, poderosos e influentes, cercado e preenchido que está de interesses, na maioria das vezes inconfessáveis e escusos.

Também se retira um indicador, de que a sociedade civil está atirando para o lugar errado, desperdiçando forças e energias, enquanto deveria cerrar fogo e fileiras em modificar o poder judiciário (fundamentos, estrutura, competência e atribuições), lugar em que se esconde o coringa do jogo.

Leia, analise, comente e envie aos contatos, partilha necessária, uma das formas de fazer avançar a luta social no país.

Tela: Andreas vesalius (1514-1564): considerado pai da anatomia moderna
Capa do Livro "De Fabrica Corporis Humani" (1543)

Um comentário:

Porto disse...

o Art. 2º da CF/88 é claro em dizer que: "São Poderes da União, independentes e harmônicos entresi, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário". No entanto, o que a gente ver é apenas a harmonia acrescida de conivência, a tal independência nunca existiu, até porque como pode existir independência se até os ministros das cortes superiores são nomeados e indicados pelo executivo (...)já no Maranhão quase todas as comarcas e fóruns trabalham com servidores cedidos pelos município, o que é ilegal e imoral, mas o judiciário marenhense já estuda uma forma de fazer covênio legalizando essa situação escandolosa e enterrando para sempre essa ilusão de Judiciário independente.
Esse é o Brasil, meu país, meu estado.