Luís Fernando Silva (PMDB) (à esq.) entrega sementes em evento, ao lado da governadora Roseana Sarney, que aposta em Silva como seu sucessor
A PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) do Maranhão informou nesta sexta-feira (6) que vai investigar denúncia feita por deputados da oposição sobre um suposto uso de aeronaves locadas pelo governo Roseana Sarney (PMDB) para viagens com o seu sucessor político, Luís Fernando Silva (PMDB).
Segundo dados do portal da Transparência do Maranhão, desde 2011, o atual governo maranhense gastou R$ 38,9 milhões com locação de aviões e helicópteros.
Só no ano passado foram gastos R$ 18,6 milhões com locação de aeronaves, feitas por meio de três empresas de táxi aéreo. Somente a Casa Civil gastou pouco menos que a metade desse valor: R$ 9 milhões. Em 2011, foram gastos R$ 8,4 milhões com empresas de fretamento de aeronaves.
"Esse valor de 2012 é o dobro do que gasta o Rio de Janeiro, que é um Estado muito mais rico. O governo tem um contrato em que paga R$ 800 mil por mês por um avião, usando-o ou não. Num Estado pobre como o nosso, demonstra a inversão de prioridades e, em alguns casos, gasto apenas para pré-campanha", disse o deputado Rubens Júnior (PC do B), líder da oposição na Assembleia.
Ainda segundo o portal da Transparência, neste ano já foram gastos R$ 11,8 milhões com pagamentos de empresa de táxi aéreo pelo governo, por meio de todos os órgãos.
Representação
A representação da oposição foi protocolada por quatro deputados na PRE, nesta quinta-feira (5), e será analisada pelo procurador Regional Eleitoral, Regis Richael Primo da Silva. "Todas as denúncias serão apuradas", disse o procurador, por meio da assessoria de imprensa.
Mais do que pedir punição, os deputados alegam no documento que querem o direito de disputar a eleição "em igualdade de condições".
Um dos casos citados na representação teria ocorrido em 19 de julho, quando o secretário teria viajado a Santa Rita, onde não haveria nenhum evento oficial.
"Vê-se nas reportagens anexadas foto de reunião eleitoral ocorrida na cidade de Santa Rita, em que o Sr. Luis Fernando se utiliza de helicóptero que serve à Polícia Militar para chegar ao município", informou o texto da denúncia.
Resposta
Em nota encaminhada ao UOL, a Secretaria de Comunicação do Maranhão confirmou que o governo, por meio da Casa Civil, firmou contrato de locação de aeronaves --avião a jato e helicóptero-- no valor total de R$ 9,8 milhões, "não R$ 17 milhões como informa equivocadamente a oposição."
O valor de 18 milhões foi consultado pelo UOL no portal da Transparência nessa sexta-feira (6). Os demais gastos foram de outras secretarias, como a de Segurança Pública.
O governo informou ainda que foi firmado um contrato, em 2012, de R$ 8,2 milhões, com aditivo de de R$ 1,6 milhão. "Agora, em 2013, por intermédio do pregão presencial no 150/2012, foi feito novo contrato, num valor bem menor – R$ 7.480.000", informou o governo.
Ainda segundo a nota, "o contrato de locação das aeronaves, pela Casa Civil, atende à demanda de todo o Governo do Estado, e não somente da governadora ou de determinado secretário, como necessidade para a equipe de governo acompanhar, vistoriar obras e implementar projetos nos 217 municípios maranhenses, num território que é o quarto maior do Brasil em extensão."
Pré-candidatos
O interesse em tornar popular o seu pré-candidato criou situações até curiosas. Fotos divulgadas pelo próprio governo mostram Roseana e Luís Fernando, em maio, juntos entregando sementes a pequenos agricultores em duas cidades: Edison Lobão e Milagres do Maranhão.
A ação, porém, é ligada à Secretaria de Agricultura do Estado, e não tem qualquer relação com a pasta chefiada por Luis Fernando, que aparece entregando o saco com o produto a produtoras.
O grupo opositor aposta suas fichas no nome do ex-deputado federal Flavio Dino (PC do B) ao governo. Ele aparece na liderança das pesquisas encomendadas pelos partidos.
Roseana ainda corre o risco de ser cassada nas próxima semanas, pois o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai julgar processo em que ela é acusada de abuso de poder político durante a eleição de 2010, quando conseguiu a reeleição. A Procuradoria Geral Eleitoral deu parecer favorável a sua cassação.
Análise
O cientista político Wagner Cabral, da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), disse que os deputados da oposição tomaram um medida importante para tentar igualar a disputa. Para ele, a oposição tem boas chances de retomar o governo em 2014, "mas se as eleições forem livres e limpas".
"Desde 1990, em quase todas, a vitória dos candidatos do grupo Sarney esteve associada aos mecanismos da fraude e do uso da máquina pública", disse Cabral ao UOL.
O cientista afirma ainda que o pré-candidato Luís Fernando Silva encontra "dificuldades em se viabilizar" por conta da reprovação do governo Roseana Sarney, que, segundo ele, chega a 60% da população.
"Tal situação reforça a necessidade, por parte do grupo Sarney, de utilizar amplamente a máquina pública, com abuso de poder político e econômico, visando alavancar seu candidato", afirmou.
Fonte: Notícias UOL.
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