OURO DE TOLO: uma homenagem aos 63 anos de São Benedito do Rio Preto–MA

O texto a seguir foi encaminhado pelo Prof. Dr. Rogério Teles.


Ouvia a música “ouro de tolo” do inesquecível Raul Seixas, quando percebi o quanto essa música tem a ver com cada um de nós sambeneditenses e me veio ideia de escrever este texto buscando homenagear a cidade em que nasci, estou sempre presente e tanto amo e que em 25/03 completará 63 anos de "emancipação política".
Ao mesmo tempo, quem sabe, levantar muitos conterrâneos, “com a boca cheia de dentes”, de seu “trono”. Em sua música, que na verdade é um chamamento ao povo brasileiro, o compositor escreveu:
Em princípio, podemos pensar que a música é apenas mais uma das loucuras do saudoso “Maluco Beleza”, mas, a meu ver, não é. A ideia deste documento é que cada um de nós sambeneditenses façamos uma autorreflexão e verifiquemos qual legado estamos deixando ao nosso povo, ao nosso Torrão, e escrevesse sua própria versão da música a cima. Confesso, parafraseando a música de Raul, que não estou contente. Muito pelo contrário, estou decepcionado.
Como estar contente com meu bom emprego, se a maioria da população de meu município está a baixo da linha de pobreza, uma outra grande parcela sobrevive de bolsa família e outra humilha-se para receber  a “bolsa voto”, que varia de R$: 60,00 a R$:300,00? Apenas a parte restante é que se encontra economicamente ativa de maneira licita e honesta e esta é que precisa fazer sua reflexão.
Como estar contente em ser um dito cidadão respeitado, se cotidianamente nossa população é desrespeitada pelas autoridades constituídas, como temos visto no Blog da Cidadania quase todos os dias? Promotor de Justiça se recusando a denunciar prefeito, alegando que isto é da alçada da Câmara de Vereadores. Delegado se recusando a registra queixa contra prefeito, alegando o mesmo motivo. A Câmara Municipal, por sua vez, não faz nada e tem em seu quadro vereador que vaia tribuna dizer que a comunidade tem que ir ao Ministério Público para denunciar o prefeito. O gestor, por outro lado, sente-se à vontade para não fazer nada ou fazer tudo errado, tendo certeza da impunidade.
Como estar feliz por ter conseguido comprar um carro, sabendo que dezenas de crianças precisam andar todos os dias várias léguas pra ter acesso a uma escola, muitas vezes de péssima qualidade ou sem qualidade nenhuma?
Como estar alegre e satisfeito por morar numa boa casa, sabendo que milhares de pessoas habitam verdadeiras ocas (moradia indígena feita com troncos de árvores e cobertas com palha ou tranco de palmeira)?
Como estar sorrindo e orgulhoso por ter vencido na vida? O que é vencer na vida? Se for simplesmente progredir nas pirâmides socioeconômicas, prefiro ficar com o mestre Raulzito, achando “isso uma grande piada. E um tanto quanto perigosa... Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis, mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado...”.
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto "e daí?". Eu tenho uma porção de coisas grandes prá conquistar e eu não posso ficar aí parado...Tenho minha bela casa, posso comprar um carrão, sou um cidadão respeitado que venceu na vida, embora milhares de pessoas passam fome, crescem analfabetas, em condições subumanas de alimentação e saúde em detrimento da corrupção que enriquece pessoas desprovidas de mínima sensibilidade ou valores humanos. E aí, e essas pessoas? Danem-se? Discordo!
É muito fácil achar que a miséria é natural e que as pessoas devem se conformar com isso, mas não é assim que penso, pois existem verbas, e muitas verbas, para proporcionar a essas pessoas uma qualidade de vida infinitamente melhor do que as que elas têm hoje. O destino desse dinheiro vimos e ouvimos falar todos os dias na imprensa, inclusive no Blog da Cidadania. “É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota saber que é humano ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua cabeça animal...”.
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial que está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social...”. Como se orgulhar de seu doutor, vendo uma multidão de analfabetos sofrer por consequência da corrupção que desvia milhões de reais destinados à educação, à saúde, à agricultura, à assistência social, à juventude e a outras áreas.
Eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar...”. Esta é a condição em que muitos de nós “ditos cidadãos respeitados” nos encontramos. Assistindo a tudo de camarote e não fazendo nada pra ver como é que fica.
Acredito que a melhor homenagem que cada um de nós poderia fazer em comemoração aos 63 anos de emancipação política de nossa cidade seria nos voltarmos para o controle social e nos revoltarmos contra a corrupção que está no DNA dos políticos e gestores de São Benedito do Rio Preto. Não podemos nos conformar e achar que o normal é isso mesmo. Muito pelo contrário, isto não tem nada de normal.
Portanto, o presente texto busca conclamar a cada um dos conterrâneos no combate à corrupção e na conscientização do maior número de pessoas para expurgarmos os mal políticos dos cargos eletivos em nossa cidade. E este é um ano muito bom para mostrarmos nosso valor. 

Um comentário:

g-alvino1 disse...

Parabéns Prof.Dr.Rogério pela sua reflexão,muito boa, e nós gente de bem temos que pensar cada vez mais em fazer o bem e denunciar os maus políticos, todos aqueles que ganham o nosso dinheiro sem trabalhar a disposição da prefeitura,professores que tem tres empregos,outros func. que estão acumulando cargos.Temos que denunciar o nepotismo existente.Queremos avisar que poder é passageiro.