O texto a seguir é de autoria do companheiro Rogério Teles e foi publicado hoje, 31/12/2012, em O Estado do Maranhão:
Ensinando e aprendendo: assim é a vida de um educador*
Prof. Dr. Rogério de Mesquita Teles,
IFMA-Campus Monte Castelo
Neste
final de ano, tenho a honra de comemorar meu vigésimo segundo ano de
magistério. Digo honra, porque sou professor por convicção, e não por ocasião. E
me orgulho muito disso. Sempre gostei de dizer que acompanhar o crescimento
intelectual de jovens é o que mais recompensa o verdadeiro educador.
Com
muita frequência, encontro ex-alunos realizados nas mais diversas ocupações:
colegas professores, técnicos em diversas áreas, advogados, médicos, juízes,
promotores, enfermeiros, políticos, dentre outros. Isso reforça o que disse
acima quanto ao crescimento intelectual dos jovens.
Ao
longo desse tempo, dediquei-me muito a essa profissão. Foram muitos estudos,
cursos, pesquisas, congressos, especializações, mestrado e até doutorado em
química, dando a entender a algumas pessoas que, diante de tudo isso, tenha-se
chegado ao pico, ao topo da carreira. Enganam-se essas pessoas, pois como disse
João Guimarães Rosa, “mestre não é quem
sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
Somente
neste ano, vigésimo segundo de minha carreira, percebi mais intensamente o
significado dessa frase, com a oportunidade de ter que ensinar Química Orgânica
a uma aluna surda, no IFMA, Campus São Luís-Monte Castelo.
Sem
que ela nem a turma percebessem, mudei sutilmente meu estilo de aula, sendo
mais atencioso, mais cuidadoso com o aprendizado desses alunos. Diria até que
compartilhei, ainda mais, a responsabilidade do compromisso de aprendizado dos
alunos no que tange às funções orgânicas e isomeria, assuntos completamente
inéditos para eles, em especial para Juliana, surda em alto grau, mas muito
esforçada e comprometida com seus estudos.
O
mesmo rigor imprimido à turma também o foi para Juliana, inclusive no momento
das tradicionais, mas necessárias, provas escritas, haja vista que se trata de
um curso técnico em Química integrado ao ensino médio, sendo a compreensão
desses conteúdos plenamente necessária.
Mesmo
em avaliações como essas, a aluna Juliana se saiu bem, e confesso: vê-la
recebendo sua avaliação e percebendo emocionada que não havia ficado de recuperação
emocionou-me também, deixando mais claro ainda que contribuir para o
crescimento intelectual de meus alunos é, de fato, minha maior recompensa como
educador.
Um
dos instrumentos avaliativos usado nessa turma é um trabalho que está sendo
desenvolvido ao longo do semestre, em que o objetivo é desenvolver algumas
terminologias químicas em Libras, como forma de deixar um legado a esses alunos
tão especiais no entendimento de uma ciência complexa, como é o caso da
Química. A turma está muito empolgada e empenhada; eu também.
Dessa
forma, acredito que tenho respaldo para, humildemente, endossar a famosa frase
de Guimarães Rosa. Além de declarar que ainda há muito o que aprender a
qualquer educador, por mais experiente ou capacitado que seja. Que venham os
próximos anos com seus desafios.
Um comentário:
Parabens, grande mestre Rogério Teles, que vc. sja sempre este homen culto, honesto, sempre lutando pelo coletivo, porque acredita que só assim consequiremos, em muito pouco tempo um país,um estado e um município que queremos.Vamos a luta.
Seu amigo Prof.Genésio
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